Amada Sacerdotisa,
Esta é a minha vida. Estar com você quando não sou. Ser o que nem estou.
Você abraçou minha loucura. Você não temeu o que os outros pensam. Você desrespeitou o medo.
Você puxou a mão da noite para seus seios. Você puxou meu dorso para dentro da noite.
Você se encaixou na madrugada. Você tomou banho comigo e se deixou levar pela espuma.
Você pediu que fechasse as frestas da janela, pediu que eu tirasse o frio.
Você você em mim em mim.
Você me beijou como se virasse a página do livro para trás. Mais para trás. Mais para trás.
Já encontrou páginas em branco de meu passado para escrever.
Já não lembro onde começamos. Não guardo a diferença entre a minha letra e o cílio.
Já já é lembrança que vem vindo.
Seu corpo é um elevador do meu tempo. Eu subo e desço nas datas.
Sou todas as minhas idades olhando todos os seus desejos.
São quatro noites e a lua ainda nem está pronta. Que o fogo complete a luz.
Somos intensos, não somos rápidos. Quem é rápido tem vontade de resolver, quem é intenso tem vontade de ficar.
As cartas foram postas na mesa.
Sacerdotisa começa a namorar o Louco.
O Louco começa a namorar a Sacerdotisa.
Amor é fé. Amor é enxergar com a boca.
A boca enxerga mais longe do que os olhos. Ainda mais quando nos beijamos.
Beijo do seu
Louco
(texto do Fabrício Carpinejar)
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