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Meu pai está espalhado pelo meu caráter. Não preciso nada dele. Nem uma vírgula emprestada. O que é uma lembrança para quem tem todo o seu passado?
Cada gesto que vim a aprender ao longo da vida é o esforço arredondado de copiar sua letra e repassar seu temperamento ao papel vegetal da literatura.
Ele está escondido em meus dias. Invisível e forte como o vento.
No momento em que viajo de avião, acabo me protegendo do frio transformando o paletó em cobertor. O casaco fica invertido, de frente para mim, com as mangas cruzadas nas minhas costas.
Aquele casaco é também meu pai me abraçando.
(trecho maravilhoso da crônica "Casaco é meu paizinho" de Fabrício Carpinejar em seu blog)
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