Alguém inventa uma máquina do tempo. E vai testar. Escolhe uma data aleatória – 1989, por exemplo, e aperta um botão. A máquina traz para o presente ninguém menos que Luis Inácio Lula da Silva. Aquele de duas décadas atrás. Lula chega meio zonzo:
- O que é isso, companheiro?
Sem entender o que acontece, Lula é recebido com carinho, toma uma água, senta-se num sofá e recupera o fôlego.
- Onde eu tô?
- No futuro, Presidente. Colocamos em prática a Teoria da Relatividade!
- Futuro? Logo agora que vou ganhar do Collor, pô! Me manda de volta propassado! Zé Dirceu! Zé? Cadê o Zé?
- Calma, Presidente. Aproveite para dar uma olhada no seu futuro. O senhor foi eleito presidente da República!
- Eu ganhei?
- Não daquela vez. Mas ganhou em 2002. E foi reeleito em 2006!
- Reeleito? Eu? Deixa eu ver, deixa eu ver!!!
E então Lula senta-se diante de um televisor. Maravilhado, assiste a um documentário sobre os últimos 20 anos do Brasil. Um sorriso escapa quando a eleição de 2002 é apresentada.
- Pô, fiquei bonito! Ué, aquela ali abraçada comigo não é a Marta Suplicy?
- Não, Presidente, é a Marisa Letícia.
- Olha! Eu e o Papa! E o negão ali, quem é?
- É Barack Obama, o Presidente dos Estados Unidos!
- Hein? Vocês estão gozando com a minha cara? E aquele ali abraçado comigo, não é o Sarney? Com a Roseana? E o que é que o Collor tá fazendo abraçado comigo? O que é isso? Tá de sacanagem?
- Não, presidente. Esse é o futuro!
- AAAAhhhhhh! Olha lá o Quércia me abraçando! O Jader Barbalho! Cadê o Genoíno? Cadê o Zé Dirceu?
- O senhor cortou relações com eles.
- Meus amigos? Me separei deles e fiquei amigo do Quércia?
- Pois é...
- E aqueles ali? Não são banqueiros? Com aqueles sorrisos pra mim?
- AAAAhhhhhh! Olha lá o Quércia me abraçando! O Jader Barbalho! Cadê o Genoíno? Cadê o Zé Dirceu?
- O senhor cortou relações com eles.
- Meus amigos? Me separei deles e fiquei amigo do Quércia?
- Pois é...
- E aqueles ali? Não são banqueiros? Com aqueles sorrisos pra mim?
- Estão agradecendo, Presidente. Os bancos nunca tiveram um resultado tão bom como em seu governo.
- Bancos? Os bancos? Você tá de sacanagem! Sacanagem!
- Calma, Presidente. O povo está gostando, reelegeram o senhor com mais de cinqüenta milhões de votos! E o senhor ainda elegeu sua sucessora...
- Bancos? Os bancos? Você tá de sacanagem! Sacanagem!
- Calma, Presidente. O povo está gostando, reelegeram o senhor com mais de cinqüenta milhões de votos! E o senhor ainda elegeu sua sucessora...
- Hein?
- A Dilma.
- Dilma? Quem é Dilma? E cadê os cumpanhêro? Só tô vendo nego da elite ali. Olha o Vicentinho de gravata! E o Jacques Wagner também! Mas que merda é essa?
- A Dilma.
- Dilma? Quem é Dilma? E cadê os cumpanhêro? Só tô vendo nego da elite ali. Olha o Vicentinho de gravata! E o Jacques Wagner também! Mas que merda é essa?
- É o futuro, Presidente.
- Meu cabelo sumiu!! E a minha barba!!!!
- Pois é, Presidente...
- E o Walter Mercado? Tá fazendo o quê ali?
- Aquela é a Marta, Presidente.
- Ah não!!!!... Aquele é o Malu... é o Maluf! O Maluf me abraçando!!! Isso é um pesadelo! Não quero! Não quero! Não quero aquele terninho. Não quero aquele cabelinho. Quero a barba de volta! Desliga isso aí!
- Meu cabelo sumiu!! E a minha barba!!!!
- Pois é, Presidente...
- E o Walter Mercado? Tá fazendo o quê ali?
- Aquela é a Marta, Presidente.
- Ah não!!!!... Aquele é o Malu... é o Maluf! O Maluf me abraçando!!! Isso é um pesadelo! Não quero! Não quero! Não quero aquele terninho. Não quero aquele cabelinho. Quero a barba de volta! Desliga isso aí!
- Mas Presidente, esse é o futuro. O senhor vai conseguir tudo aquilo que queria.
- Não! Não! Essa tal de teoria da relatividade é um perigo!
- Perigo?!
- É. As amizades ficam relativas. A moral fica relativa. As convicções ficam relativas. Tudo fica relativo.
- Bem-vindo a 2012, Presidente.
- Não! Não! Essa tal de teoria da relatividade é um perigo!
- Perigo?!
- É. As amizades ficam relativas. A moral fica relativa. As convicções ficam relativas. Tudo fica relativo.
- Bem-vindo a 2012, Presidente.
(Luciano Pires, via Trevis)
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