quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Boteco Filosófico


Quando me  descobri velho? Foi há 20 anos. Estava em São Paulo, peguei o metrô, estava lotado. Eu era jovem, pernas fortes, segurei no balaústre e comecei a olhar para os rostos das pessoas. Rostos contam histórias. Olhando para as pessoas você pode imaginar contos, muitas coisas. Eu estava ali, imaginando as crônicas que poderia escrever, quando vi uma moça me olhando com mansidão, quase com ternura. Eu fiquei comovido com aquele olhar. Eu olhava para ela, ela olhava para mim. Percebi que ela devia estar comovida com a minha presença. Houve um momento de suspensão romântica. Pensei: manchete do meu conto — ‘Rubem Alves encontra inesperadamente no metrô o grande amor de sua vida’. Comecei a ter fantasias. Foi nesse momento que ela me fez um gesto de carinho. Ela se levantou e me ofereceu o lugar. Quando ela fez isso, é como se dissesse para mim: o senhor (certamente ela estava pensando em senhor, não em você) não pertence ao meu mundo. O senhor deve ter pernas bambas. Naquele instante eu percebi que estava perto dela, mas estava muito longe dela. Ela era uma moça e eu era um velho.” Do filósofo Rubem Alves



domingo, 28 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

India song

Incrível o trabalho recente da fotógrafa alemã Karen Knorr, realizado no Rajastão. Foi ali que ela colocou aves, macacos, elefantes, vacas e tigres dentro de alguns dos lugares mais sagrados para a população, criando cenas mágicas, emolduradas pelo luxo e opulência desses palácios indianos.
Dá uma olhada: India Song



Constatação

(vi no site do Cartunista Solda)

Para os gastrosexuais

Breakfast is the most important meal of the day !


domingo, 14 de outubro de 2012

Basta fazer algo em torno de 23 graus em Santos, e as mulheres saem de 

botas. E os maridos de chinelos, é claro...


sábado, 13 de outubro de 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Essa eu ôvo


Para os gastrosexuais

Adorei esta crônica do jornalista e escritor Xico Sá. Sábio amante, feio e espirituoso, crítico sagaz, romântico e hilário, é leitura obrigatória nas minhas manhãs. Desfrutem !


É de uma falta de bons modos total deixar uma moça sair da sua casa, depois de dormir consigo, sem sequer oferecer um café. Digo oferecer e imediatamente acionar a cafeteira ou fogão. Não apenas por cerimônia. Ação, amigo.
Como disse outro dia nas páginas da revista “Espresso”, seja qual for o vínculo afetivo, é imperdoável que não haja o menor esforço, depois de uma noitada –boa ou mais-ou-menos, não importa o resultado-, em brindá-la com uma xícara fumegante.
Não falo apenas dos moços, pobres moços, cada vez mais perdidos, como dizem sobre os novos tempos. Trato também das fêmeas que praticamente expulsam os rapazes ao primeiro barulho do bem-te-vi na janela ou do operário em construção ao lado.
Como se um café comprometesse a independência ou desmanchasse anos de aprendizado na cartilha de madame Beauvoir.
Até parece a danada do “Folhetim” do xará Buarque. “E na manhã seguinte, não conte até vinte…”
Não precisa ser aquele café completo, no capricho. Isso nos fazemos no começo do namoro de fato. Digo uma simples xícara de café para quebrar o gelo de avistar na sua casa aquela pessoa que você mal conhece. Duas ou três palavras, “você toma com açúcar ou adoçante?”etc.
Sim, algumas manhãs são embaraçosas. Rola aquele suspense. São os primeiros encontros, acontece. Mas nada justifica apenas o silêncio e o barulho da porta. Não se nega uma boa xícara para despertar alguém com quem você trocou intimidades.
Mesmo que o sexo tenha sido um desastre. Ora, foi intimidade do mesmo jeito.
Quando é desastroso aí é que rolou intimidade! Você se expôs, broxa ou frígida, diante do outro.
E o café, seja de manhã, tarde ou noite, tem cheiro de afetividade. O melhor mesmo, quando vinga o romance, é o café da manhã.
Como nas palavras do cronista Antônio Maria, autor de belas canções como “Ninguém me ama”, entre outras: “O café com leite, de manhã. O lento café com leite dos amantes, com a satisfação do prazer cumprido.”
Genial e pouco lembrado Antônio Maria, muitas vezes citado apenas como o marido ciumento da Danuza Leão.
Lembre-se, mentalize o poder do café. Mesmo que você não seja tão romântico(a) como na canção clássica do Roberto Carlos: “Amanhã de manhã, vou pedir um café pra nós dois/ te fazer um carinho e depois/ me envolver nos seus braços…”
Não tenho conhecimento de um bom namoro, um casamento ou um bom caso amoroso que tenha vingado com a negativa de uma xícara para esquentar o desejo, o afeto. Com ou sem açúcar.
Por algumas mulheres, amigo, não só faria todos os cafés do mundo, como compraria uma gleba na região paulista da Mogiana e eu mesmo plantaria, com o suor do meu rosto, e colheria cada grão para a cria da minha costela.
Que outra missão mais importante um homem tem na terra a não ser agradar a sua amada?  Desconheço!